Pular para o conteúdo
Início » Boto, diretor do Flamengo, compara pressão com Palmeiras, prevê 2026 desafiador e crava: ‘Não tem a grandeza do Flamengo’

Boto, diretor do Flamengo, compara pressão com Palmeiras, prevê 2026 desafiador e crava: ‘Não tem a grandeza do Flamengo’ Novo

O diretor de futebol do Flamengo, José Boto, trouxe à tona uma série de reflexões sobre o futuro do clube, as particularidades do futebol brasileiro e a intensa pressão que o Rubro-Negro enfrenta. Após uma temporada vitoriosa, o dirigente português projeta um ano de 2026 ainda mais complicado, onde a expectativa por novos triunfos será imensa.

Em suas declarações, Boto não hesitou em comparar a realidade do Flamengo com a do Palmeiras, especialmente no que diz respeito à formação e transição de jovens atletas, ressaltando a diferença de “grandeza” e, consequentemente, de cobrança.

Ele também abordou a estratégia de mercado do clube, a necessidade de buscar jogadores com mentalidade europeia e a complexidade de gerir um elenco sob os holofotes do futebol brasileiro, conforme informações divulgadas no podcast “No Princípio Era a Bola”, do jornal Tribuna Expresso, de Portugal.

Desafios de 2026 e a busca pela hegemonia

José Boto expressou sua preocupação com a próxima temporada, alertando que repetir o sucesso de 2025 será uma tarefa árdua. “Acho que a temporada vai ser mais difícil porque não é fácil repetirmos o que fizemos”, afirmou o diretor, ciente da exigência da torcida e da imprensa por mais conquistas, mesmo que não haja mais a ser ganho.

O Brasileirão continuará sendo a principal prioridade do Flamengo, segundo Boto, devido à sua previsibilidade em comparação com a Libertadores, uma competição eliminatória mais imprevisível. O foco é manter o elenco no mais alto nível, com ajustes pontuais e sem grandes revoluções, “porque há essa parte emocional que tem um peso enorme no Brasil e não tem tanto aqui na Europa”, explicou.

A saúde mental dos jogadores é uma grande preocupação para o dirigente, que planeja um período de férias adequado para que possam “limpar a cabeça”. A busca por um elenco sempre melhor, mesmo quando parece “ótimo”, é um objetivo constante, sublinhou Boto.

A polêmica comparação: Flamengo x Palmeiras na formação de base

Um dos pontos mais sensíveis da entrevista foi a comparação entre Flamengo e Palmeiras na utilização de suas categorias de base. Boto reconheceu que o clube paulista está à frente na transição de jovens atletas para o profissional, não necessariamente por ter jogadores “melhores na formação”, mas pela forma como gerencia essa passagem.

O diretor ilustrou a diferença de pressão com o caso de João Victor, zagueiro da base que teve poucas oportunidades e enfrentou críticas severas após um “deslize”. “Nós tivemos que fazer dois jogos com um sub-17, João Victor, de defesa central, que não esteve mal, mas teve ali um deslize que mataram”, lamentou Boto, que acredita no potencial do jogador para se tornar um “zagueiro top, de Europa”.

A pressão no Flamengo é, para Boto, incomparável. “O Palmeiras, apesar da grandeza que tem, não tem a grandeza do Flamengo”, cravou. Ele descreveu a situação de João Victor, que teve sua vida pessoal e familiar invadida por torcedores nas redes sociais, algo “completamente louco” e incomum na Europa. Para o diretor, a solução pode ser vender o jovem, mantendo uma porcentagem, para protegê-lo da intensa cobrança.

Mercado de transferências e o perfil ideal para o Flamengo

José Boto foi enfático ao afirmar que “o mercado sul-americano é neste momento pequeno para aquilo que é a realidade do Flamengo e a cultura do Flamengo”. Embora reconheça o potencial de jogadores em países como Brasil, Argentina e Equador, o diretor ressalta a necessidade de trazer atletas “prontos para jogar” devido à pressão do clube.

A busca por jogadores com “mais bagagem, mais experiência” é fundamental para suportar o Maracanã lotado e a “imprensa agressiva todos os dias”. Boto também revelou a intenção de trazer uma “cultura mais europeia” para o elenco, citando nomes como Danilo, Jorginho e Alex Sandro como exemplos de mentalidade profissional.

O diretor admitiu um erro de “timing” em uma contratação anterior, onde a pressão midiática influenciou a decisão do presidente. Ele exemplificou a dificuldade de contratar jovens talentos europeus, como Nuno Mendes, Vitinha ou João Neves, por 75 milhões de euros aos 18 anos, pois a torcida e a imprensa “querem nomes”, exigindo resultados imediatos em vez de apostas a longo prazo. Boto citou o caso de Carrascal, um jogador com uma “dose de loucura” que não se abala com a pressão, o que foi um fator decisivo para sua contratação.

O estilo de Filipe Luís e a porta para a Europa

Sobre Filipe Luís, Boto destacou seu perfil “muito mais frio, mais racional”, influenciado pelos anos na Europa e pela preparação para ser treinador. Ele o compara a técnicos como Guardiola, Arteta, Maresca e De Zerbi, mais do que a Simeone ou Jorge Jesus, devido à sua “forma diferente de encarar o jogo” e à influência de seu assistente, que possui a escola do Barcelona.

Por fim, Boto demonstrou abertura para a possibilidade de enviar jovens jogadores do Flamengo para clubes portugueses. Ele vê Portugal como “uma boa porta de entrada na Europa”, facilitando a venda e valorização dos atletas, mas ressaltou que a iniciativa depende do interesse dos clubes locais. A ideia de o Flamengo comprar um clube em Portugal, no entanto, está “completamente posta à parte com esse presidente”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *